sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO E AS INOVAÇÕES

As inovações tecnológicas beneficiam muito mais os países em desenvolvimento que dispõem de fontes apropriadas para utilizá-las do que os industrializados que precisam recorrer a fontes térmicas mais dispendiosas e poluentes (termoelétricas a carvão mineral). Tal é o caso do acionamento de carros elétricos ou a hidrogênio.
Determinadas inovações são muito mais viáveis no Sul do que no Norte em razão de suas peculiaridades:
• O Brasil tem todas as condições de eliminar completamente o combustível fóssil (gasolina) de acionamento de automóveis e assim reduzir significativamente a poluição dos grandes centros urbanos, substituindo o que resta da frota a gasolina por carros elétricos ou a hidrogênio. Ordinariamente a carga das baterias do automóvel ocorre no período noturno, quando ambos estarão parados, tanto o automóvel quanto as hidroelétricas que estariam provavelmente vertendo. O governo do Paraná, dono da Copel utiliza este expediente ao oferecer energia quase gratuita para irrigação noturna.
• Tem condições de substituir os “anacrônicos chuveiros elétricos” por aquecedores a gás. De utilizar bagaço de cana e aquecimento solar direto como “calor de processo” em inúmeras atividades industriais e instituições públicas (clubes, hospitais, hotéis, etc.)
• Tem condições de substituir as antigas usinas térmicas convencionais — que utilizam caldeiras a vapor do século 19 (locomóvel) — por modernas termoelétricas a gás ou termoelétricas combinadas de cogeração.
• De produzir aços finos em siderúrgicas descentralizadas a partir do carvão vegetal proveniente de florestas artificiais cultivadas.
• Cana e Florestas Cultivadas de ciclo curto são muito mais adaptadas ao clima dos países tropicais e mais aptas a receber os benefícios da nova tecnologia da biogenética, ao contrário dos países de clima frio, cujas florestas de ciclos mais longo já foram exterminadas. Nas florestas do Brasil a utilização dos “clones de eucalipto” multiplicou a produtividade por cinco e reduziu o ciclo das árvores para seis anos.
• A seleção de linhagens zebuínas realizada há mais de 200 anos no Brasil é um sucesso inegável e hoje a seleção dos garrotes precoces e industriais é substancialmente acelerada graças ao mapeamento genético do bioma do boi, desenvolvido em parceria com os países industrializados. O país tem hoje um patrimônio genético invejável na forma de reprodutores, matrizes, semem e óvulos para serem transplantados por inseminação artificial que constitui aqui prática rotineira.
• A produção de comodities metálicas pela eletrólise constitui uma alternativa promissora que resolve dois problemas: o armazenamento de produtos produzidos pela energia, em lugar do armazenamento de água; segundo, exportação de produtos acabados em lugar de exportação de minérios brutos.
Esses constituem exemplos das principais conclusões do trabalho premiado de José Goldemberg “Energia para o Desenvolvimento”:
“Os países em desenvolvimento não devem trilhar os mesmos caminhos dos países industrializados, mas escolher alternativas promissoras próprias e os vetores energéticos que permitam a utilização dessas alternativas”.

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