sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O CULTO DA TECNOLOGIA

HUGO SIQUERA

A primeira forma, só mudar de atividade, não é o bastante. Significa transferir a outros a responsabilidade de produzir transporte e alimento para atender necessidades mais prosaicas de alimentação e aquecimento de novos consumidores. Afinal, nem todos poderão mudar para outras atividades ao mesmo tempo. Alguns permanecerão responsáveis pelo trabalho pesado, consumidor de energia. Os países industrializados poderão comprar energia, trocando por produtos tecnológicos (quinquilharias eletrônicas), ou então, produzir sua própria energia nuclear (ineficiente para aquecimento) a preços muito mais elevados (cerca de 6000 dólares por Quilowat). Este é o grande problema dos países industrializados: alem de gerar desemprego nos países de origem, seu mercado não é grande o suficiente para se auto-alimentar. Tem que ser impingido aos países em desenvolvimento como nova forma de colonialismo. Ao comprarem estes produtos de prematura obsolescência, os países em desenvolvimento pagam uma espécie de tributo pelo “culto da nova tecnologia”. Um computador ou celular com seis meses de uso, não vale absolutamente nada.
É surpreendente que as novas tecnologias da informação e da eletrônica, que produziram tantos resultados, tenham encontrado apenas soluções parciais para problemas, que pareciam menores, como aqueles relacionados com a vida do ser humano concretas, no sentido mais estreito da palavra: sua existência animal e primitiva, como alimentação, aquecimento, circulação e transporte. Atividades biológicas do ser humano concretas exigem gasto de energia que não pode ser suprida apenas por alta tecnologia. O transporte e energia, não podem ser virtuais.
A novíssima tecnologia da biogenética já está produzindo aumentos substanciais de produtividade nas plantações de cana e florestas cultivadas. Utilizada no Brasil em florestas cultivadas (clones de eucalipto) aumentou a produtividade da indústria do aço a partir do carvão vegetal em mais de cinco vezes. No futuro próximo, quando esta tecnologia tiver maior aceitação por parte do público, talvez venha a mudar todo o panorama da produção de alimentos protéicos.
“Os países em desenvolvimento não deveriam trilhar os mesmos caminhos de desenvolvimento do Norte, mas buscar novas direções e assumir os riscos da inovação em áreas especialmente promissoras”.
Por incrível que possa parecer, a mais valiosa fonte de energia permanece subutilizada: “o uso mais eficiente no uso-final da energia disponível e a escolha das alternativas promissoras de produção e seus vetores energéticos”. José Goldenberg (Energia para o desenvolvimento, 1988) e (An End-use Oriented global Energy Strategy,” Annual Review of Energy, 1985) citado no trabalho “Energy for a sustainable World” do World Resource Institute.


A região amazônica não deve ser vista do ponto de vista estreito de cada uma de suas riquezas presumidas, mais de uma forma sistêmica do conjunto de suas riquezas e problemas que se complementam. Assim, por exemplo, ao invés de licitar hidroelétricas para ser dado de “mão beijada” às empresas de produto eletro-intensivo, licitar o conjunto, usina, minérios, navegação, etc., com vinculação de royalties e limitação de áreas inundadas. A usina de Belo Monte reúne as condições para se tornar objeto de uma licitação do tipo sugerido.

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