sábado, 31 de julho de 2010

CRÔNICA DE UMA TRAGÉDIA ANUNCIADA

Enviado por Hugo Siqueira em 02/06/2010
— Efeito do furacão Katrina sobre diversas cidades do vale do Mississipi.

Com a abertura da temporada de furacões no golfo do México, desastres de grandes proporções são iminentes se conjugados com o derramamento de óleo que a BP não consegue estancar. Pode significar "um balde d’água fria" nas pretensões do planalto: a turma do Pré-sal que "ponha as barbas de molho" que logo virão interdições. Para testar a tão falada experiência da Petrobras é bem possível sejam convocados pra dar u’á mãozinha.

"A Guerra do Pré-sal"
Enviado por Alberto Porem Junior, dom, 13/06/2010 - 12:13
"Efeitos do desastre" antecipo que nas entrelinhas está delineada a próxima guerra: " A guerra do Pré-sal" a ser levada a cabo pelos E.U.A ainda nesta década.
Comentários:
Não deixa de ser apropriada a observação do Alberto, "porém" a antecipação soa um pouco alarmista: os danos à imagem da Petrobras (e BP) já ocorreram com a queda do valor das ações de cerca de 1/4 do valor desde janeiro, fato que motivou a postergação do lançamento de novas ações na bolsa de Nova York para depois de setembro, quer dizer, para depois da posse do novo presidente. Até lá os planos serão outros, claro.

Ganhos eleitorais, isto sim, já estão sendo contabilizados. Uma "guerra do Pré-sal", à 300 Km da costa brasileira é tão extemporânea quanto a "Guerra da Malvinas" ou a reativação da "4ª frota" que os nacionalistas tanto temem.

A exposição continuada de informações sobre o vazamento gera um clima de pânico que dificulta a continuação da prospecção em mar profundo e representa um duro golpe nas pretensões do Pré-sal com vista às próximas eleições.

“Vazamentos acontecem na melhores empresas” dos mais diversos países e passam despercebidos porque são eventos raros e evitáveis. Não são mais freqüentes do que os acidentes naturais que não podem ser contidos como furacões, terremotos e erupções vulcânicas.

Mas o que desperta polêmica e torna o acontecimento particularmente relevante é a circunstância de o vazamento ocorrer numa região densamente povoada junto à costa americana, tradicionalmente sujeita a fenômenos naturais de maior probabilidade ou quase previsíveis.

No interior do golfo cerca de mil outras plataformas continuam operando normalmente, apesar do vazamento em uma delas (da BP). Quatro mil outras permanecem abandonadas aguardando destino: provavelmente algumas serão transformadas em hotéis de luxo para evitar a explosão.

No caso de prospecção em mar aberto — a exemplo do Pré-sal — a probabilidade é igualmente pequena, mas os danos de um possível vazamento são infinitamente maiores em distância próxima a 300 km da costa. Arrastado por correntes marítimas o vazamento produz efeitos globais alastrando para uma área muito maior do que o ambiente confinado do golfo do México e gerando conflito semelhante à proliferação nuclear.
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A moratória constitui uma pausa natural para estabelecimento de normas mais rigorosas de regras e procedimentos a serem submetidas as empresas. Governos da União européia e dos Estados Unidos suspendem operações até que novas condições sejam estabelecidas. Aqui se fala até do “Pré Sal no limbo” e de uma “Guerra ao Pré Sal”, presença da 4ª frota, que, no mínimo soa tão extemporâneo quanto “a Guerra das Malvinas”.

A fiscalização, doravante, será redobrada mesmo com o vazamento contido. Achamos que no futuro — quando normas mais rigorosas forem estabelecidas com a anuência dos países produtores — a exploração do Pré-sal seja compartilhada e não centralizada na Petrobras como pretende o marco regulatório.

Ao dar início à exploração em áreas conhecida da bacia de Campos o governo dá sinais claros de que a capitalização da Petrobras será assunto para o próximo governo. O Brasil poderá aproveitar os baixos custos das plataformas offshore-tornadas ociosas pela moratória dos Estados Unidos e Noruega — para acelerar a exploração de áreas delimitadas da bacia de Campos, deixando para mais tarde as incertezas e os altos custos de prospecção em mar profundo.

O gás resultante da exploração é um subproduto da exploração do petróleo que poderá alimentar o gasoduto Brasil Bolívia em sentido inverso para dois propósitos: acionar termoelétricas de complementação, substituindo térmicas convencionais; abastecer rede de gasodutos em todo o país para indústria que utilizam gás em “calor de processo” (vidros, cerâmica e alimentos).

A essa altura dos acontecimentos o sucesso da contenção do vazamento não apaga a lembrança do impacto causado pela longa exposição na mídia. Se existem vantagens pela maior oferta de sondas mais baratas — ociosas no golfo do México — deve ser levado em conta que outros custos de exploração serão onerados em conseqüência do desastre, inclusive seguros.

É óbvio que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bicombustível (ANP) tem de exercer, com a maior firmeza, sua ação reguladora e fiscalizadora e que a Petrobrás e as empresas que trabalham com plataformas offshore no Brasil terão de passar por um longo e custoso aprendizado.

Alguns analistas chegam a falar em possíveis vantagens para o Pré Sal brasileiro resultante da queda no preço de equipamentos (sondas, navios, etc.) provocados pela moratória. Mas se esquecem que “O problema é essencialmente ambiental e terá um grande impacto nos custos da atividade de exploração em águas profundas, inclusive com a alta dos prêmios de seguros.”

O petróleo continuará sendo explorado, dado a sua importância estratégica e o valor que representa para o suprimento de energia de aquecimento nos países frios (cerca de 60%) e do transporte e produção de comodities nos países em desenvolvimento (cerca de 50%), alem do valor que tem para a produção de inúmeros bens industriais.

“Repercussão do vazamento pode trazer danos a estratégia ufanista. O risco é que ganhe corpo o tom ambiental beneficiando a candidatura Marina. Governo e Dilma tem de moderar o discurso: “Em casa de enforcado não se fala em corda”. O capital político começou a ser desfeito com a polêmica em torno da repartição dos royalties, do qual dificilmente os governadores podem abrir mão. Se for aprovada desagrada uns e se vetada outros. O plano eleitoral costurado por Lula e Dilma envolve situação irredutível nos 4 aspectos: regime de partilha, estatal do pré sal, fundo social e cessão de 5 bilhões para capitalização da Petrobrás.
Por Emanuel Cancella (*) em 07/06/2010

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