CARRO ELÉTRICO: custo

Cálculo do custo para o consumidor
Dados:
Custo da gasolina na bomba 2.50 R$/litro
Custo da energia na concessionária 0.45 R$/Kwhora
Poder calorífico 12 Kwhora/litro
Rendimento do motor a combustão 25%
Rendimento do conjunto bateria/motor 75%


A queima direta de 1 litro de gasolina em um aparelho de aquecimento doméstico produz 12 Kwhora de energia sob forma de calor ao custo de 2.50 R$/litro. Logo, o custo unitário da energia calorífica será 0.21 R$/Kwhora (2.50/12).


A queima direta de 1 litro de gasolina em um motor de combustão interna produz 12 Kwhora de energia, dos quais 9 Kwhora (75%) são perdas que geram calor e 3 Kwhora (25%) é energia mecânica útil no eixo. Logo:
Custo para produzir 1 Kwhora no eixo (2.50/3) 0.84 R$/Kwhora


— O conjunto bateria/motor elétrico transforma 4/3 Kwhora de energia elétrica da bateria previamente carregada, pela qual paga 0.45 R$, em 1 Kwhora de energia mecânica no eixo do motor de acionamento da roda do veículo. Logo:
Custo do Kwhora mecânico no eixo do motor 0.45 x 4/3 = 0.60 R$/Kwhora
Uma economia de cerca de 25% que poderia muito maior se a energia não fosse tão tributada.


Ora, esta é uma economia muito pequena que não reflete os custos reais da eletricidade produzida no Brasil, considerada uma das mais baratas do mundo. A tarifa de 0.45 R$/Kwhora não condiz de forma alguma com o custo de produção das usinas do Rio Madeira, recém licitadas ao lance de — pasmem! — 8 centavos o Kwhora.


Se tivesse usado o custo real da energia produzida (sem impostos) a economia seria muito maior. Por exemplo, se tivesse usado o custo real da energia produzida nas últimas usinas licitadas do Rio Madeira e Belo Monte em torno de 15 centavos, incluindo transmissão e distribuição, o custo seria:
Custo do Kwhora mecânico no eixo do motor 0.15 x 4/3 = 0.20 R$/Kwhora
E a economia real seria de 75% com exclusão de impostos.

Cálculo do custo para o país


Observação:
Nos dois processos o Professor Sauer usa insumos diferentes, tal como se apresentam ao consumidor. No 1º usa o preço da gasolina na bomba e no 2º o preço da tarifa na conta de luz. Acontece que a energia é muito mais tributada do que a gasolina. Se tivesse usado o custo real da energia produzida (sem impostos) a economia seria muito maior. Por exemplo, se tivesse usado o custo real da energia produzida nas últimas usinas licitadas do Rio Madeira e Belo Monte em torno de 15 centavos, incluindo transmissão e distribuição, o custo seria:
Custo do Kwhora mecânico no eixo do motor 0.15 x 4/3 = 0.20 R$/Kwhora
E a economia real seria de 75% com exclusão de impostos.


Custa acreditar que o país que produz a energia mais barata do mundo tenha a tarifa de energia mais cara do mundo. Para se ter uma idéia basta observar que os lances vencedores das licitações do Rio Madeira e Belo Monte não passaram de 8 centavos o Kwhora (80 R$/Mwhora), cuja energia chega a nossas residências ao preço médio de 45 centavos/Kwhora, quase seis vezes maior. Na verdade, o custo poderia ser muito menor e possivelmente gratuito como foi acima mencionado: “alem da economia de combustível a recarga da bateria ocorre fora dos picos de demanda ou durante a noite — ocasião em que, ordinariamente, as hidroelétricas estão paradas, possivelmente vertendo água — o que torna o custo da geração praticamente nulo”.
Ou segundo cálculo do Professor Sauer:
No 1º processo o consumidor compra 1 litro de gasolina por 2.50 R$ e usa apenas 1/4 do conteúdo energético para gerar 3 Kwhora mecânico no eixo do motor de combustão de baixo rendimento
Custo do Kwhora no 1º processo 2.50/3 0.83 R$/Kwhora


No 2º processo o consumidor compra 4 Kwhora de energia por 0.60 R$ (4 x 0.15) para gerar os mesmos 3 Kwhora no eixo de um motor de maior rendimento (75%). Logo:
Custo do Kwhora no 2º processo 0.60/3 0.20 R$/Kwhora
Uma economia de 75% com os impostos excluídos.


Alternativas promissoras para carros elétricos


O Brasil é um dos mais bem aparelhados países para utilização de carros elétricos. Energia elétrica barata como fonte e insumo para a fabricação dos seus componentes, como baterias leves de lítio e alumínio para tornar menos pesadas as carrocerias dos carros elétricos. Para essa finalidade poderá contar com a eletrólise da corrente elétrica produzida por usinas hidroelétricas extremamente baratas como as que são construídas ao preço de 8 centavos/Kwhora no Rio Madeira e Xingu. Tem amplas margens de reduzir tarifas excessivas ou torná-las quase gratuita no processo de carga noturno.


Mas, dificilmente poderá tomar o lugar da indústria estruturada há mais de um século. Por menor que seja o custo de suprimento de energia elétrica a veículos 100% elétricos e mesmo que seja gratuito, não existe condição objetiva de concretizar o suprimento através da tomada do consumidor porque a estrutura da rede domiciliar não comporta recarga na escala requerida pelo conjunto bateria/motor elétrico***. Já imaginou o tamanho da conta de luz? Por outro lado, postos de serviços localizados em prédios de estacionamento teriam oportunidade de ampliação dos serviços de troca de baterias certificadas e carregamento.


Entretanto, nem a estrutura de serviço existente dos postos de combustível teria área suficiente para suportar carga de bateria com duração 5 a 6 horas diárias em locais de alto custo imobiliário. Já imaginou a dificuldade da carga em postos de gasolina, por horas seguidas?
***De qualquer forma, pequenos veículos 100% elétricos podem ser carregados pela rede domiciliar dentro dos limites da rede projetada para chuveiros elétricos até 60 amperes em 110 Volts.


Quando muito, os veículos elétricos servirão como 2ª opção para “famílias” que já tem “um” nos países em desenvolvimento, como meio de burlar o rodízio imposto aos veículos a combustível. Ou, em última instância, podem servir como 3ª opção para “pessoas” que já tem 2 veículos nos países industrializados. Enfim, servirão para carregar pessoas ou cortar grama nos campos de golfe, como já acontece nos países industrializados. Podem ter alguma utilidade para circulação de pessoas e cargas nas vastas áreas dos parques de exposição e nos entrepostos de distribuição de mercadorias (Walmart).


Tudo vai depender dos mecanismos que regulam a qualidade do ar e incentivos para redução de poluentes requeridos pela população. Por exemplo, permissão para circulação livre em áreas de lazer devido ao baixo risco e liberação do rodízio imposto a outros veículos.. Isenção de IPI, IPVA e ICM, tanto no veículo em si como na fabricação dos componentes e tarifas de energia elétrica.. Mas, se forem construídos para ficarem parados, como os demais a combustível, perdem sua principal função de circulação na região central das grandes cidades.
Hugo Siqueira, Cidade do Cabo Verde MG em 16/06/2010

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